Resenha- Livro- A Máquina do Tempo- 1895

Resenha

Livro: A Máquina do Tempo       Autor: Herbert George Wells.     Gênero: Ficção científica.   Ano de publicação: 1895

 

A Máquina do tempo foi o primeiro romance de Wells, publicado em 1895. Sendo até hoje um dos maiores títulos da ficção científica e precursor da ideia da possível existência de uma Máquina do tempo, em que o homem poderia ter controle sobre o tempo de uma forma mecânica. Wells nos leva para um época muito à frente, contrariando tudo o que poderíamos pensar sobre o futuro distante.

Chamado de gênio e considerado um pioneiro, Wells abriu caminho não só para seus livros e sua visão de mundo, mas para novas possibilidades na literatura. Desde muito cedo na sua carreira, Wells sentiu que devia haver uma maneira melhor de organizar a sociedade, e escreveu alguns romances utópicos. Ele analisa a dicotomia entre a natureza e a educação e questiona a humanidade em seus livros. À medida que envelhecia, Wells foi-se tornando cada vez mais pessimista acerca do futuro da humanidade.

Por essa razão, mesmo sendo um livro tão antigo e de hoje estarmos mais do que acostumados com o tema de viagem no tempo é muito interessante ver a partir de onde tudo isso veio. Dito isso, em 2021 ainda vale muito a pena ler a Máquina do Tempo! Além de ser curto e muito bem elaborado.

Fonte: Amazon

O narrador da história é um dos personagens que estão ouvindo a conversa do protagonista referenciado apenas como “Viajante no Tempo”, embora os demais espectadores sejam céticos desta conquista. O Viajante pede um breve momento de repouso ao chegar da viagem, então em seguida conta toda a aventura enfrentada no futuro, pois ele precisa pôr todo aquele vislumbramento para fora, embora o mesmo também duvide da própria sanidade.

O romance se inicia no século XIX (Inglaterra industrializada, Imperialismo), com este cientista utilizando alguns conceitos matemáticos, com o intuito de convencer aqueles que estavam neste jantar de que a viagem no tempo era possível. Desacreditado pela maioria, propõe demonstrar ali mesmo diante dos olhos de todos com um pequeno protótipo. Neste momento, ele revela um pequeno objeto que é colocado em cima de uma mesa, e então, empurra uma de suas alavancas. Esse ato faz com o que o modelo simplesmente suma em poucos segundos, diante dos olhos de todos, restando apenas a breve luz de uma lamparina que ali estava.

Ainda muito desacreditado, o Viajante conta-lhes que a máquina real está em seu laboratório e que realizaria a viagem naquela noite. Assim como disse ele fez, e, no laboratório dele, subiu na tal engenhoca e empurrou uma das alavancas. Isso fez com que ele visse tudo passando rapidamente, as construções sendo destruídas, novas sendo erguidas e tudo em sua volta se transformando. Quando ele decide parar, está no ano de 802.701 e tudo estava completamente diferente do que pensara.

Ele se vê estacionado em um campo aberto, com a grama muito verde, uma natureza vívida e seres que se pareciam com os humanoides. Eles possuíam baixa estatura, sendo algo como uma evolução de nossa espécie. Nesse salto tão grande de tempo, o viajante relaciona-se com esses seres e tenta perceber a maneira que eles convivem entre si e com o mundo. O viajante percebeu que eles mostraram-se muito pacíficos e usavam de uma comunicação bastante rudimentar, com pouquíssimas palavras.

Como cientista que é, o Viajante faz várias hipóteses sobre tudo o que vê. Parece como uma perfeita utopia, aquela sociedade vivendo em aparente harmonia com a natureza e felizes. Supôs que talvez a humanidade teria jeito, o consumismo não nos corromperia, e que conseguiremos um dia, voltar a viver em equilíbrio com o planeta. A única coisa diferente que ele avista é um enorme pilar com uma esfinge e alguns tubos metálicos, como se fossem dutos de ventilação vindos do fundo da terra.

Ao anoitecer, todos os Eloi, a espécie humanoide de baixa estatura e pacíficos, admiradores da luz e carentes de iniciativa, dirigem-se à uma grande construção que existia naquele lugar. Ela possuía uma arquitetura magnífica, com teto alto e um piso deslumbrante. “Mas como uma espécie tão precária de iniciativa poderia ter construído aquilo tudo?” indaga-se o cientista. O Viajante é acolhido muito bem por todas aquelas pequenas criaturinhas curiosas, recebendo várias frutas, com todos sorrindo e cantando para ele, e foi ali onde o viajante passou a noite.

No dia seguinte, percebe que sua máquina havia sido roubada, dessa forma, ele precisaria explorar mais aquele local em busca do item, para que pudesse voltar à sua época. Quando ele descobre a existência de uma outra raça, com braços grandes, uma pelagem alva, com olhos enormes e brilhantes, os brutais Morlocks, habitantes do subterrâneo vulneráveis à luz, que não poupam esforços ou atitudes para sobreviver. Eram eles que viviam no subsolo longe de qualquer luz e saíam apenas à noite. O viajante do tempo supôs que sua máquina deveria ter sido roubada por eles.

A partir disso, a história começa a ficar um tanto perturbadora. Na tentativa de contato, descobre que na verdade, essa outra raça utilizava dos ingênuos Eloi como alimento. E é após esse acontecimento em que se percebe as críticas feitas por H.G. Wells, sobre a desigualdade social (Capitalista e o Proletário) e como isso poderia afetar a humanidade diretamente, à tal ponto de que evoluiremos para raças diferentes, claro que tudo isso é apenas uma analogia. Como Black Mirror, notamos como a humanidade está caminhando para rumos perigosos. 

 

Comentários científicos (ou não)

A viagem no tempo é um dos recursos mais conhecidos nas narrativas, comuns na ficção científica e até mesmo em outros gêneros. A discussão de dilemas e paradoxos relacionados rende até no ramo acadêmico, onde cientistas formulam hipóteses a serem comprovadas em um futuro indeterminado, caso seja possível testar algum dia. Já nas mãos dos ficcionistas, a viagem pode render uma boa alternativa a solucionar o problema do herói de determinada trama, mas abre indagações e possíveis furos de roteiro por consequência — Vingadores: Ultimato.

É interessante ler histórias sobre o futuro escritas há mais de um século. Temos quase um registro antropológico da visão tecnológica futurista do autor daquele tempo, com conceitos hoje defasados e visões restritas pela informação menos acessível comparado aos tempos atuais. Nenhum dilema temporal é imposto na narrativa, e mesmo se já fosse pensado naquela época, H.G. Wells o evitou ao abordar o futuro onde os seres habitantes são diferentes de humanos nem buscam conhecimento igual a espécie ancestral, tornando a chegada do Viajante naquele período apenas a vinda de alguém peculiar aos habitantes. Ainda sobre a visão do autor, destaca-se o pessimismo quanto ao progresso no futuro, demonstrando a perda dos traços humanos e as noções progressistas, a sociedade resumida a duas espécies segregadas e de impulsos instintivos, pouco ou nada racionais.

A ideia revolucionária a ponto de virar recurso comum nas ficções posteriores, mesmo após um século de sua composição, faz este livro perseverar em leituras atuais mesmo sendo quase o único ponto forte da narrativa. A escolha do narrador sendo um personagem secundário traz pouco impacto no enredo, cuja maior parte é contada pelo próprio Viajante, com exceção do final quando apenas prolonga a história depois de acontecer o essencial. O protagonista demora a tomar atitude e só age em determinados momentos, preenchendo uma lacuna ou outra com extensos parágrafos descritivos sobre o futuro. Esta narrativa é até compreensível considerando ser comum à época quando o livro foi escrito, o problema é o autor estender essas descrições com intenção de mostrar a contemplação do protagonista em vez de fazê-lo avançar na narrativa, impedindo as oportunidades de interação com as espécies futuristas ― nas poucas vezes em que acontece é apenas sumarizada neste livro.

Wells colocou o espaço quadridimensional (comprimento, largura, altura e tempo) em sua história, quando Einstein ainda era adolescente. Somente dez anos depois da publicação de A Máquina do Tempo, o físico publicou seus trabalhos sobre a teoria da relatividade, em que é utilizada a ideia das quatro dimensões na geometria do espaço-tempo, substituindo os dois conceitos utilizados de forma independente na teoria de Newton.

 

Será que Einstein se tornou o cientista que foi e publicou a teoria da relatividade porque ele leu o livro que foi baseado nas suas próprias ideias no futuro?

 

O objetivo do livro não é percorrer tratados científicos e possibilidades logarítmicas e afins. Wells não se prende a explicações de como e porquê, preferindo focar no fascínio do personagem ao desbravar o futuro.

http://www.c1n3.org/p/pal01g/Images/1960 El tiempo en sus manos (ing) 03.jpg, Public Domain, https://commons.wikimedia.org/w/index.php?curid=25030188

Críticas gerais:

Sendo o protagonista carente de iniciativa, os demais personagens também falham em oferecer algo interessante. Os espectadores do relato do Viajante expressam nada além do ceticismo ao protagonista já descrente da própria aventura. E entre os inumanos, apenas a Weena foi contemplada a ter o nome exposto e tendo um relacionamento próximo com o protagonista, relação tão água com açúcar a ponto de tornar irrelevante o desfecho entre eles.

A Máquina do Tempo persiste nas edições atuais devido à ideia revolucionária sobre a viagem no tempo, com concepções inteligentes do tema mesmo sob as limitações quanto ao conhecimento vigente deste assunto, e também é útil a conservar esta visão característica das pessoas da época quando este romance foi escrito. Foi a primeira publicação do autor e a inexperiência e as falhas foram reconhecidas até pelo próprio Wells, conforme o prefácio escrito em 1935.

 

Avaliação pessoal:

O livro realmente é cativante. A gente se envolve com a narrativa, sente “pena” de alguns personagens, aflição, reflete sobre o futuro do planeta e dos humanos, e torce pelo viajante. E não importa que o livro A Máquina do Tempo tenha sido escrito em 1895 por Wells: o conteúdo ainda está fresco e atemporal, pois a humanidade evoluiu sua tecnologia, mas continua a mesma em boa parte no que se refere à moral.

 

Resenha sugerida: https://www.leitoraviciada.com/2018/09/a-maquina-do-tempo.html 

Autora da resenha: Rafaelle Souza

 

 

8.7
OVERALL SCORE
Unique Game Play: 8
Character Design: 9
Challenge Adverage: 9
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There's a good idea here, but Spellbinders just doesn't manage to see if through to fruition
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